19 de jun. de 2010

"A ficha cai mas a gente continua por ali" 

A minha ficha já caiu faz tempo, mas eu não saio "dali". Eu não paro com isso. Eu quero. Eu insisto. Eu luto... Faço certo ou só me martirizo? Já vivi o fim dessa história várias vezes, mas o ponto final se transforma em reticências ou mesmo em uma vírgula e eu volto "pra lá". Tenho medo de começar um novo parágrafo e deixar esse mal-acabado.
Acho que era isso que eu precisava dizer. A minha ficha já caiu. Sei que talvez não valha a pena e nem desisto fácil do que eu quero. Mas eu to cansando...

14 de jun. de 2010



Que belo estranho
dia para se ter alegria...”
Roberta Sá

Eu descobri tantas coisas desde que ele se foi. Aprendi a dizer "Preciso de você". Incorporei na minha rotina dizer palavras de carinho para aqueles que eu amo. Agora eu chamo as pessoas de queridas - e é sincero. Descobri quantos amigos eu tenho. Quanta gente que me ama. Aprendi a dar valor à minha família. Que bom sentir novamente a cumplicidade e o carinho que eu tinha deixado de aproveitar. Que jeito lindo o meu pai encontrou de continuar vivendo...
Me vejo crescendo e penso se meu pai ficaria feliz ao me ver tão parecida com ele. Queria que ele me visse indo até a casa da minha mãe e pedindo desculpas por ter ficado tanto tempo longe. Se ele aprovaria as minhas escolhas... Essas que faço sozinha.
Mas de algumas coisas tenho certeza: ele adoraria me ver fazendo esforço pra ser alguém na vida, mesmo tão nova... Aprovaria o meu cansaço num sábado a noite após uma semana de trabalho e estudo intenso. E acho que não me deixaria sair. E nem gostaria de me ver chegando mais tarde do que ele... E nem de me ver experimentando colos de outros homens além dos dele. Queria a opinião dele pra me ajudar a decidir entre Filosofia e Engenharia no vestibular. E não me chamar de indecisa, nem inconstante, e nem “não-sabe-o-que-quer”, como todo mundo faz.
Apesar de tanto aprendizado, ter superado meu pânico e ter amadurecido tantos anos em tão pouco tempo, não consigo entender porque meu pai se foi. Naqueles últimos meses, a cada ida à aquele hospital eu tinha a sensação de que aquela poderia ser a última vez que eu o veria. Isso me dava um medo horrível, intenso, desconcertante, paralisador. Talvez por isso eu não tenha dito a ele o quanto o amava. Está certo, ele sabia. Mas eu queria ter dito mais uma vez.
Tem dias que amanhece, o sol radiante lá fora diz o nome do meu pai, o silêncio do sábado a noite chora a sua ausência. E de repente tudo o que era alegria vira escuridão. Tem dia que tudo o que sou se desfaz. E volta uma tristeza aguda, o pânico que me faz ter medo de uma simples volta de carro. Em dias como esses, nada faz sentido. Mas aí eu penso que tenho que continuar. Porque eu sou a continuação da sua história. E a sua história não para por aqui!